Quando António Guterres, Secretário‑Geral da Organização das Nações Unidas, lançou o tema ‘Idosos impulsionando ações locais e globais’, o Brasil já afinava seu calendário para o 1º de outubro de 2025 – data que celebra simultaneamente o Dia Internacional das Pessoas Idosas e o Dia Nacional do Idoso.
O Brasil oficializou a data em 2006, por meio da Lei nº 11.433, após a criação do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741) em 2003. Hoje, cerca de 35 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais, o que corresponde a quase 17% da população.
A escolha do 1º de outubro como Dia Internacional das Pessoas Idosas remonta à Assembleia Geral das Nações Unidas, que em 14 de dezembro de 1990 aprovou a resolução que instituiu a data. No Brasil, a mudança de 27 de setembro para 1º de outubro buscou alinhar a celebração nacional ao calendário global, reforçando a integração de políticas públicas.
Entre 1950 e 2010, a expectativa de vida mundial saltou de 46 para 68 anos. Em 2019, havia 703 milhões de pessoas com 65 anos ou mais. As projeções da ONU indicam que, até 2050, esse número ultrapassará 1,5 bilhão – um crescimento de mais de 100%.
O que chama ainda mais atenção é o ritmo nos países menos desenvolvidos: de 37 milhões em 2019 para 120 milhões em 2050, um salto de 225%. No Brasil, a taxa de crescimento tem sido mais moderada, mas os desafios permanecem – especialmente no acesso a saúde, habitação e tecnologia.
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) adotou o lema ‘Envelhecer com dignidade não é privilégio, é direito’. Nas escolas e centros comunitários, rodas de conversa intergeracionais já estão programadas, permitindo que jovens aprendam com a experiência de seus avós.
Em praças de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, caminhadas matinais foram organizadas, estimulando a prática de atividades físicas ao ar livre. Universidades de Minas Gerais e Pernambuco oferecem oficinas de inclusão digital, ensinando a usar smartphones e aplicativos de saúde.
Voluntários de organizações como a Organização Pan‑Americana da Saúde (OPAS/OMS) visitarão asilos para levar palestras sobre direitos e bem‑estar, além de apresentações de música, dança e artesanato que valorizam a cultura dos mais velhos.
Além do discurso de Guterres, autoridades brasileiras, como o Ministro da Saúde, enfatizaram a necessidade de ampliar o número de casas de apoio e de investimentos em telemedicina para idosos rurais. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que pretende atualizar a pesquisa nacional de saúde para incluir indicadores de solidão e bem‑estar emocional.
Nas redes, o tema #IdososAtivos ganhou força, com milhares de usuários compartilhando histórias de avós que, aos 80 anos, ainda cultivam hortas ou aprendem a programar em Python. Esse movimento tem despertado o interesse de empresas de tecnologia, que veem um mercado potencial em soluções de acessibilidade.
Apesar da celebração, o Brasil ainda enfrenta lacunas críticas. O acesso a medicamentos de alto custo para doenças crônicas permanece desigual, e a infraestrutura de transporte público não é totalmente adaptada para mobilidade reduzida.
Especialistas apontam que políticas públicas precisam ir além de um dia de festividade. “É preciso transformar a dignidade em direito cotidiano”, afirma a gerontóloga Mariana Soares da Universidade de São Paulo. Ela recomenda a criação de um fundo nacional para projetos de envelhecimento ativo, similar ao que ocorreu na Suécia nos anos 2000.
Para 2026, a ONU já anunciou que o tema será ‘Tecnologia a serviço da longevidade’. Isso indica que a conversa sobre idosos não se limitará mais a cuidados básicos, mas avançará para inovação em saúde digital, inteligência artificial e cidades inteligentes.
No Brasil, o próximo calendário do Ministério da Cidadania prevê a expansão de programas de capacitação digital para idosos em áreas rurais, com metas de alcançar 2 milhões de usuários até 2028.
O governo pretende ampliar o fundo de apoio a casas de repouso, criar incentivos fiscais para tecnologias assistivas e atualizar a Lei nº 11.433, incorporando metas de acessibilidade urbana e telemedicina, conforme indicado pelo Ministério da Saúde e o IBGE.
Estima‑se que, até 2030, a demanda por serviços de saúde e cuidados de longo prazo aumente em 30%, gerando novos empregos no setor e exigindo um investimento de aproximadamente R$ 45 bilhões em infraestrutura adaptada.
Universidades federais e ONGs oferecem oficinas gratuitas de smartphone, acesso a cursos de programação básica para maiores de 60 anos e parcerias com operadoras para plano de dados subsidiado, beneficiando cerca de 500 mil idosos em 2025.
A ONU, por meio da OPAS/OMS, lança campanhas de conscientização, distribui guias de boas práticas para governos e financia projetos piloto de cidades inteligentes que incluem sensores de mobilidade para idosos em cidades como Barcelona e Tóquio.
Em 2026, o tema será ‘Tecnologia a serviço da longevidade’, focando em IA, wearables e telemedicina, sinalizando que a conversa avançará de direitos básicos para inovação em saúde e qualidade de vida.
Raphael D'Antona
outubro 1, 2025 AT 22:03Tudo isso parece mais uma jogada de marketing da ONU para vender agenda.
Eduardo Chagas
outubro 1, 2025 AT 22:06É revoltante ver como a elite global transforma um momento de respeito ao idoso em espetáculo de autocongratulação! Enquanto eles falam de dignidade, na rua ainda faltam rampas e medicamentos essenciais. Eu não consigo aceitar esse discurso vazio que serve só para encher o bolso de quem se beneficia da agenda internacional. A verdade é que o governo ainda ignora milhões que vivem isolados, sem acesso à tecnologia nem ao suporte básico. A cada “caminhada” organizada, vemos poucos recursos reais chegando às casas de apoio.
Mário Eduardo
outubro 1, 2025 AT 22:10Se analisarmos a história, percebemos que o conceito de “idoso empreendedor” sempre esteve sob o comando de interesses ocultos. A ONU, ao escolher o tema, provavelmente busca validar projetos de big tech que lucram com wearables para a terceira idade. Não é coincidência que o discurso de dignidade se espalhe junto com contratos milionários de empresas de saúde. Enquanto isso, a população idosa continua à mercê de políticas paliativas.
Thaty Dantas
outubro 1, 2025 AT 22:13Achei interessante a menção ao fundo nacional inspirado na Suécia. Será que esse modelo realmente funciona no Brasil sem adaptação? Fico curioso para ver os resultados.
Davi Silva
outubro 1, 2025 AT 22:16O Dia da Pessoa Idosa não é só uma data simbólica, mas uma oportunidade de transformar políticas em prática.
No Brasil, já temos iniciativas de inclusão digital que ensinam a usar smartphones para agendar consultas.
Essas oficinas ajudam a reduzir a sensação de exclusão tecnológica que afeta muitos idosos.
Além disso, a prática regular de caminhadas em praças melhora a mobilidade e previne doenças cardiovasculares.
Os programas de telemedicina, quando bem estruturados, garantem acompanhamento médico sem precisar deslocar longas distâncias.
É fundamental que as casas de apoio recebam recursos para adaptar suas instalações com rampas, corrimãos e iluminação adequada.
A participação de universidades nas oficinas cria um vínculo intergeracional que beneficia tanto estudantes quanto idosos.
A criação de um fundo nacional, como sugerido pela gerontóloga, pode financiar projetos inovadores em todo o país.
Empresas de tecnologia podem contribuir desenvolvendo aplicativos com interface simplificada e suporte a voz.
O governo deve ainda regulamentar preços de medicamentos de alto custo para garantir acessibilidade.
A coleta de dados sobre solidão e bem‑estar emocional, proposta pelo IBGE, permitirá políticas mais direcionadas.
Incentivar o voluntariado nas comunidades fortalece o apoio social e combate o isolamento.
A integração de sensores de mobilidade em cidades inteligentes, já testada em Barcelona, pode ser adaptada às realidades brasileiras.
É preciso monitorar o impacto dessas ações com indicadores claros, como número de idosos ativos e taxa de hospitalizações evitadas.
Com esforço conjunto de público, privado e terceiro setor, podemos transformar o conceito de envelhecimento digno em realidade cotidiana.
Leonardo Teixeira
outubro 1, 2025 AT 22:20Essas iniciativas são boas na teoria, mas na prática muito poucas chegam a quem realmente precisa. Você sempre fala de colaboração, mas esquece de cobrar os responsáveis pelos recursos. Não basta planejar, tem que executar! :)
Marcelo Paulo Noguchi
outubro 1, 2025 AT 22:23Caros colegas, o marco regulatório proposto visa alavancar sinergias entre os setores público e privado, potencializando a escalabilidade de soluções de healthtech para a população idosa. Ao adotar métricas de ROI social, garantimos investidas eficientes que maximizam o retorno em bem‑estar. A agenda 2025, alinhada ao paradigma da longevidade sustentável, promove a convergência tecnológica com políticas de inclusão. Recomenda‑se a implementação de pilotos de telemonitoramento em áreas rurais, seguindo a framework de avaliação baseada em evidências. Dessa forma, antecipamos uma melhoria de 30% nos indicadores de independência funcional.
Leilane Tiburcio
outubro 1, 2025 AT 22:26Concordo que a colaboração entre setores trará benefícios. O importante é acompanhar de perto a experiência dos idosos nas comunidades. Assim, ajustamos as ações e garantimos que ninguém fique de fora.
Jessica Bonetti
outubro 1, 2025 AT 22:30É suspeito que o discurso da ONU seja apenas fachada para abrir portas a corporações que lucram com dados de saúde. Enquanto falam em dignidade, silenciam quem realmente sofre na margem da sociedade.
Maira Pereira
outubro 1, 2025 AT 22:33Olha, amiga, aqui no Brasil a gente tem capacidade de fazer isso sem depender de agenda externa. Nossos próprios pesquisadores já desenvolvem soluções eficazes e não precisamos de importações caras. Vamos apoiar o talento nacional!
Joseph Tiu
outubro 1, 2025 AT 22:36É fundamental que, ao celebrarmos o Dia da Pessoa Idosa, busquemos um equilíbrio entre reconhecimento simbólico, que é importante, e implementação prática, que realmente transforma vidas; portanto, devemos incentivar o diálogo entre governo, sociedade civil e setor privado, garantindo que cada voz, inclusive a dos próprios idosos, seja ouvida e considerada.
Lauro Spitz
outubro 1, 2025 AT 22:40Ah, claro, vamos todos sentar numa mesa redonda e resolver tudo com um café, como se fosse tão simples. Quem sabe assim o problema some, né? ;)
Eder Narcizo
outubro 1, 2025 AT 22:43Eu não aguento mais esse desfile de discursos bonitos que não chegam a nada! Cada “caminhada” organizada parece mais uma fotografia para as redes sociais do que um ato de real cuidado. Os idosos merecem mais do que slogans; eles precisam de ação concreta, de recursos reais, de respeito contínuo. Quando vejo anúncios de apps para idosos que custam uma fortuna, sinto que estamos sendo usados como cobaias. É hora de transformar promessas em políticas de verdade, antes que a gente se canse de esperar! :D
Leonard Maciel
outubro 1, 2025 AT 22:46Entendo sua frustração, e realmente precisamos de soluções acessíveis. Programas de capacitação digital gratuitos já foram testados em algumas cidades e mostraram resultados positivos. Se ampliarmos esses projetos e oferecermos suporte técnico contínuo, podemos mudar essa realidade. Conto com a ajuda de todos para divulgar essas iniciativas.
Vivi Nascimento
outubro 1, 2025 AT 22:50Vocês já viram os números de adesão às oficinas de programação para idosos?; parece que a participação está crescendo, mas ainda há muito a investigar; quais são os principais obstáculos que impedem mais pessoas de se inscrever?; será a falta de divulgação ou a percepção de que tecnologia é coisa de jovens?; boas ideias para melhorar isso?
Charles Ferreira
outubro 1, 2025 AT 22:53Realmente, a divulgação parece ser o ponto chave. Talvez anúncios nas radio locais ajudem a alcançar quem não usa internet. Também seria legal ter parcerias com centros comunitários pra chamar atenção.